ASA DE CORVO

Asa de corvos carniceiros, asa
De mau agouro que, nos doze meses,

Cobre às vezes o espaço e cobre às vezes
O telhado de nossa própria casa...
Perseguido por todos os reveses,
É meu destino viver junto a essa asa,
Como a cinza que vive junto à brasa,
Como os Goncourts, como os irmãos siameses!
È com essa asa que eu faço este soneto

E a indústria humana faz o pano preto
Que as famílias de luto martiriza...
É ainda com essa asa extraordinária
Que a Morte -a costureira funerária -

Cose para o homem a última camisa!