Augusto dos Anjos - O LAZARO DA PATRIA

Filho podre de antigos Goitacases,
Em qualquer parte onde a cabeça ponha,

Deixa circunferências de peçonha,
Marcas oriundas de úlceras e antrazes.
Todos os cinocéfalos vorazes
Cheiram seu corpo. À noite, quando sonha,

Sente no tórax a pressão medonha
Do bruto embate férreo das tenazes.
Mostra aos montes e aos rígidos rochedos
A hedionda elefantíase dos dedos...

Há um cansaço no Cosmo... Anoitece.
Riem as meretrizes no Cassino,
E o Lázaro caminha em seu destino
Para um fim que ele mesmo desconhece!